sexta-feira, 15 de maio de 2009

Protocolos de Avaliação da DOR

O estudo da dor tem avançado muito nas últimas décadas, embora este ainda seja um fenômeno complexo e multidimensional.

Conforme citamos em uma postagem anterior (Dor - Um problema grave de saúde pública), a dor pode ser classificada de diversas maneiras.

A avaliação da dor também deve envolver esta multidimensionalidade. Ela é a base para um diagnóstico e tratamento bem sucedido. Lembrando, ainda, que qualquer consideração sobre a avaliação da dor envolve a credibilidade sobre a queixa principal referida pelo paciente.

Deste modo, o fisioterapeuta deverá sempre estar atento a determinados aspectos do quadro álgico de cada indivíduo, como:
- Tipo de dor;
- Local da dor;
- Etiologia da dor;
- Quando começou a dor;
- Resposta do organismo à dor;
- Quanto tempo dura a crise;
- Amplitude de movimento em que a dor aparece;
- Áreas de restrição ao movimento;
- Como alivia a dor;
- Sintomas associdados etc.

Os protocolos de avaliação, em sua maioria, são unidimensionais, permitindo quantificar apenas a intensidade da dor. A avaliação multidimensional pode ser feita através de instrumentos para a avaliação da dor, levando em conta a intensidade, a localização e o sofrimento ocasionado pela experiência dolorosa. Serão descritos abaixo aqueles que são os mais conhecidos e utilizados no meio acadêmico.

Escala Analógica Visual de Dor (EVA): É de fácil aplicação, alta precisão e sensibilidade. É a mais utilizada e aceita nos meios científicos, pois permite a mensuração imediata da intensidade da dor. Em uma linha que identifique (com palavras ou símbolos) nas extremidades um valor mínimo (à direita) e um valor máximo (à esquerda), o indivíduo marca a quantidade de dor que está sentindo no momento da avaliação.
Escala CR10 (Category-Ratio Scale) de Borg: Amplamente utilizada em estudos científicos. É uma escala de razão e de categorias, em que cada número equivale a um valor referencial de dor (0 – Absolutamente nada; 0,5 – Extremamente fraco; 1 – Muito fraco; 2 – Fraco; 3 – Moderado; 5 – Forte; 7 – Muito forte; 10 – Extremamente forte). Também é utilizada para quantificar quadros dispnéicos.

Escala de Dor de Faces: Consiste no desenho de faces alinhadas, sendo uma face neutra e as outras correspondentes às sensações variáveis de dor. É bastante utilizada nos casos em que o paciente tem dificuldade para se comunicar. Registra-se o número equivalente à face selecionada pelo paciente quando solicitado a classificar a intensidade de sua dor, de acordo com a mímica representada em cada face desenhada no papel. A expressão de felicidade corresponderá à classificação “Sem Dor”, enquanto a expressão de tristeza corresponderá à classificação de “Dor Máxima”.

Escala de Quantificação Verbal: Esta escala é um pouco limitada, pois se resume em identificar a dor com uma única palavra descritiva (nenhuma dor, dor branda, moderada, grave ou insuportável).
Escala de Quantificação Numérica: O paciente é questionado quanto à intensidade de sua dor e determina, entre o e 10, em que ponto da escala está a sua situação dolorosa. Zero corresponde à classificação “Sem Dor” e a 10 corresponde à classificação de “Dor Máxima”.

Escala Táctil Analógica (TAS): É uma escala de dor em relevo com todas as instruções em Braille.

Escala Análoga de Cores: As graduações da escala são marcadas por tons de vermelho, progressivamente mais escuros, permitindo que identifique melhor a intensidade da sua dor.

Questionário de Dor de McGill (MPQ): Consta de uma escala qualitativa de intensidade da dor e de um desenho do corpo humano, no qual o paciente assinala a localização da dor. Este instrumento investiga os componentes afetivos e sensitivos da dor, já que registra a localização, a intensidade e o comportamento da dor.

Escala Funcional de Dor: Relaciona a intensidade da dor com a incapacidade funcional durante a realização de uma determinada atividade.

Escala Comportamental (EC): Relaciona a lembrança da dor do paciente às suas atividades da vida diária. Zero corresponde à ausência de dor, enquanto 10 corresponde à persistência da dor mesmo em repouso.



Inventário Multidimensional da Dor (MPI): Permite a avaliação clínica, psicossocial e comportamental.

OLD CART: Avalia o início, a localização, a duração, as características, os fatores agravantes e atenuantes da dor, bem como os tratamentos aplicados. É útil na avaliação da dor em idosos.

Minimum Data Set: Avalia a dor vivenciada pelo paciente na semana anterior ao teste. Inclui dois itens que avaliam a freqüência e a intensidade da dor em uma escala verbal de três pontos.

Proxy Pain Questionary (PPQ): É conduzido por meio de uma entrevista, que consiste em uma avaliação de três itens (presença, freqüência e intensidade da dor). O primeiro item possui perguntas com o formato "sim" ou "não", e os dois outros itens são graduados em uma escala verbal de 13 pontos.

Atenção: Deve-se ter em mente que, nos recém-nascidos (RN), a avaliação deve ser feita por meio da observação das alterações metabólicas, fisiológicas (sinais vitais) e comportamentais (choro, postura e expressão corporal, nível de consciência etc). As escalas mais usadas nessa faixa etária são:
• Escala de Dor no Recém- Nascido e no Lactente;
• Sistema de Codificação da Atividade Facial Neonatal;
• Escore para a Avaliação da Dor Pós-Operatória do Recém-Nascido;
• Escala Perfil de Dor do Prematuro;
• Escala de Sedação COMFORT.

Lembramos que é de extrema importância a realização de uma avaliação minuciosa da dor e de seus vários aspectos e que a escala utilizada, para um determinado indivíduo, deverá ser sempre a mesma.

De tal modo, é necessária a utilização de uma linguagem comum entre o avaliador e o avaliado, assim como um ensino prévio à aplicação do protocolo escolhido.

Portanto, é fundamental que o profissional de saúde esteja ciente de que o indivíduo avaliado compreende corretamente a escala a ser utilizada.

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Dra. Helga Monteiro
Fisioterapeuta
Crefito: 75660-F